sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Formando Iniciados e Iniciadores

Texto retirado do site Bruxaria.net

As preocupações daqueles que buscam trilhar o Caminho dos Sábios, em princípio, são centradas na obtenção da Iniciação. A Iniciação parece, aos olhos do leigo, um ato mágico que, por si só, fará com que uma pessoa comum se torne especial e acesse poderes que não estão à disposição de qualquer um. “-Plim, ao toque desta varinha você está iniciado!”. Ilusões.


Por Mavesper Cy Ceridwen

Quando a pessoa realmente chega ao Caminho e começa a se preparar para trilhá-lo de verdade essas idéia infantis dão lugar a uma compreensão maior: a Iniciação não é um fim em si mesma. O rito chamado Iniciação nada mais é que um rito de passagem, o marco de reconhecimento de uma mudança de estado da pessoa para quem ele será celebrado. A Iniciação é , pois, o marco de uma mudança de vida. Quem já compreende isso sabe que o rito em si – embora realmente vá investir o Iniciado de certas chaves de poder ancestral – não é o que concede poderes, apenas reconhece que a pessoa em questão já acessa esses poderes.

O acesso aos poderes dos Antigos é, pois, a marca d@ Brux@, ou seja, a certeza de que a pessoa conseguiu estabelecer uma relação pessoal, especial e contínua com a Deusa Tríplice e o Senhor Hastado.

Mas, afinal, como se distingue um Iniciado de uma pessoa comum? Dentre as muitas respostas cabíveis, eu gosto de usar uma fórmula bem simples: “Um Iniciado é um Desperto, enquanto outras pessoas estão adormecidas.”

Esse aforismo contém uma referência muito específica a uma faceta do caminho Wiccaniano. Wicca é um caminho de poder pessoal, e portanto, é um caminho de auto-conhecimento e auto-equilíbrio.

A justificativa para essas afirmações é simples: se alguém não conhecer a si mesmo, jamais conhecerá os Deuses. A obrigação contínua de auto-observação, avaliação crítica e busca de maior equilíbrio é o que carateriza um Iniciado.

Durante o tempo em que ocorre o processo iniciático (entendido este como o período em que alguém deixa operar em si as transformações que o tornarão um Desperto, comumente designado como período de Dedicação) a pessoa contará, muitas vezes com um Iniciador, que acompanhará seu processo e avaliará o que ocorre com ele, aconselhando-o, corrigindo-o e instruindo-o, ou algumas vezes silenciando para que ele aprenda por si só.

O auto iniciado encontra justamente nisso sua maior dificuldade: sem um Iniciador não tem parâmetros para julgar seus progressos e dificuldades e seu caminho é muito mais árido, embora não impossível, se ele se abrir a escutar os Deuses.

Ao final do tempo da Dedicação, quando alguém se inicia, é mister que já esteja ciente de todos os processos de seu despertar, ou seja, que possa observar-se, criticar-se e determinar-se sozinho. Mas, na experiência das Tradições, não é isso que ocorre. Um recém iniciado não é alguém que atingiu um alto grau de sabedoria e vivência, é , como o nome diz, alguém que apenas começou…

Podemos dizer que o estado de recém iniciado implica o mínimo. O mínimo necessário de auto-conhecimento, relação com os Antigos, habilidades mágicas, dons desenvolvidos.

Os anos que se seguem à Iniciação serão destinados a obter a maximização desses mínimos.

O Iniciado deve aprender mais, compreender mais, aprofundar mais seu conhecimento dos Deuses e de si mesmo. Deve dar mostras cabais de que se tornou mais equilibrado, vive melhor, anda pelo mundo em maior harmonia.

Nesse tempo, o papel do Iniciador consiste em ensinar ao Iniciado diversas técnicas, modelos, atividades, que permitirão que ele seja capaz de auto-determinar-se, criticar-se e equilibrar-se sozinho em algum momento do caminho.

Assim, se a iniciação implica em tornar alguém Desperto, o período pós-iniciático destina-se a tornar essa pessoa cada vez mais independente do Iniciador, fazendo por si mesmo o papel que desde o começo da dedicação coube ao Iniciador. Agora, caberá a ele ser guardião de seu próprio estado de despertar.

Nesse processo de aprender o que seu Iniciador fazia por ele, e que agora cabe a ele mesmo fazer, um Iniciado pode ter despertada sua vocação para tornar-se, ele mesmo, um Iniciador.

Cabe aqui um alerta: é muito comum que pessoas recém iniciadas, muitas vezes movidas por um entusiasmo legítimo e uma ânsia de servir aos Deuses, creiam que já estão prontos para dedicar outras pessoas. Isso é sempre uma ilusão grave e potencialmente perigosa: um potro recém nascido imediatamente após o parto já anda. Mas se alguém tentar colocar nele uma cela e uma carga, quebrará suas patas e sua vida se perderá, morrerá por ter tentado assumir uma carga maior do que a que tinha capacidade de levar. Um recém iniciado é como o potro recém nascido: não deve querer carregar o fardo pesado de ter dedicados, deve se concentrar em seu próprio crescimento e fortalecimento antes de ter a pretensão de carregar mais peso, ajudar outros.

Quando chega o tempo certo, porém, cabe ao Iniciador originário a tarefa hercúlea de formar outro Iniciador.

Como isso acontece?

É preciso que além do que o Iniciador ensina aos Iniciados comuns, àquele que tem o destino de ser um Iniciador devem ser repassadas as formas pelas quais o seu Iniciador é capaz de acompanhar os processos iniciáticos. Há todo um universo de experiências que devem ser compartilhadas, explicações dadas pelo Iniciador. Também é muitíssimo importante que esse Iniciado mais antigo comece a acompanhar as Dedicações feitas pelo seu Iniciador, e junto com ele observe, julgue e aprenda o que ocorre com as pessoas para torná-las Despertas.

Não existe uma receita de bolo para isto, como não existe para nada no processo iniciático. Cada experiência é única, mas a observação de pontos comuns a diversos processos ajuda o novo Iniciado a criar sua própria capacidade de observação e julgamento, dando a ele um Olhar de Iniciador.

Quando isso ocorre, e somente quando isso ocorre – sem nos preocuparmos em falar em tempo cronológico, porque o calendário não importa, importam as mudanças internas- é que o Iniciado pode se considerar apto a ser um iniciador. E somente nessa hora é que ele deve aceitar pedidos de Dedicação.

Conheço bem a comunidade wiccaniana em geral, compreendo a ânsia dos novatos e também compreendo a vontade dos que já aprenderam em compartilhar aquilo que descobriram. Mas a importância desse ato – aceitar um pedido de dedicação – é enorme, e somente deve ser realizada por pessoas que realmente saibam de suas gravíssimas implicações.

Se você lidera um grupo, um circulo, um coven, fora de tradições e está aceitando pedidos de dedicação, pense nisso: você realmente está apto a forjar um novo instrumento para os Deuses? Você já é um Desperto? Você pode ensinar alguém a Despertar? Você já pode ensinar alguém a tornar-se aquele que Desperta os outros? Se a resposta for não, talvez seja um tempo de, ao invés de você ensinar, aumentar seus conhecimentos buscando uma Tradição ou algum outro tipo de aprendizado que supra suas deficiências. Dê tempo a si mesmo para crescer e tornar-se capaz.

Ser responsável por si mesmo na Arte já é muito. Ser responsável por outros é muito mais, e muito será exigido daquele que se arvora conhecedor dos Mistérios.

Formar Iniciados já é bem difícil. Formar Iniciadores é muito mais. É preciso que haja muita sintonia, muito amor, muita entrega, tolerância, perseverança e compaixão de parte a parte. É preciso se irmanar no dia claro dos Deuses, e na noite escura da alma. E é preciso, acima de tudo, ser completamente apaixonado pelo ser humano e pelos Deuses que o amam.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Curso Magia da Sedução no Faces da Lua

Celebração de Ostara e Dia do Orgulho Pagão em São Paulo

No domingo, dia 19 DE SETEMBRO, à partir das 12h para celebrar Ostara e o Dia do Orgulho Pagão. O ritual se iniciará às 15h. Sendo assim, chegue mais cedo para participar das atividades do Dia do Orgulho Pagão, conversar e fazer amigos ou a tempo de pegar o ritual desde o início. NÃO HAVERÁ ATRASOS PARA O INÍCIO DA CELEBRAÇÃO. Se chegar atrasado, não será permitida sua entrada no Círculo.

ONDE: Associação Cultural Mie Kenjin do Brasil na AVENIDA LINS DE VASCONCELOS, Nº 3352 (ao lado do Metrô Vila Mariana) – Saia nas catracas à direita e suba as escadas rolantes que dão acesso ao terminal de ônibus. Atravesse o terminal de ônibus e caminhe em direção a Av. Lins de Vasconcelos.

ATIVIDADES DO DIA DO ORGULHO PAGÃO
ÀS 12 HORAS:

- OFICINA DE PINTURA DE OVOS DE OSTARA.

Material Necessário para participar: Ovos cozidos e material para pintura(tintas de várias cores, pincel, glitter, cola etc). Traga jornal, copinhos de pláticos e guardanapos para limpeza.

ÀS 14 HORAS:

- TROCA DE LIVROS

Para participar, traga um livro pagão em bom estado para ser trocado por outro com uma pessoa que estiver participando desta atividade.

O QUE TRAZER PARA O RITUAL:

- Flores brancas, vermelhas e amarelas que serão usadas na celebração do Sabbat Ostara

O QUE TRAZER PARA O BANQUETE:

- Frutas ou um prato de salgados ou doce e guardanapos (mulheres)

- 1 Refrigerante com copos descartáveis (homens)

TAXA DE PARTICIPAÇÃO: R$5

I Festival de Paganismo. Magia e Cultura Grega no Faces da Lua

domingo, 12 de setembro de 2010

Serpente

Serpente é uma palavra de origem do latim (serpens, serpentis) que é normalmente substituída por “cobra” especificamente no contexto mítico, com a finalidade de distinguir tais criaturas do campo da biologia.




A serpente é um antigo deus da sabedoria no Médio Oriente e na região do mar Egeu, sendo, intuitivamente, um símbolo telúrico. No Egito, Rá e Áton (“aquele que termina ou aperfeiçoa”) eram o mesmo deus. Áton o “oposto a Rá,” foi associado com os animais da terra, incluindo a serpente. Nehebkau (“aquele que se aproveita das almas”) era o deus da serpente que guardava a entrada do mundo subterrâneo. Se nos afastarmos mais, tanto em termos geográficos como culturais – por exemplo, até às ilhas Fiji, encontramos Ratu-mai-mbula, um deus-serpente que governa o mundo subterrâneo (e faz a energia vital fluir).





No Louvre, existe um famoso vaso verde esteatite esculpido para o rei Gudea de Lagash (data aproximada entre 2200 a.C. e 2025 a.C.), dedicado por sua inscrição a Ningizzida, “senhor da árvore da verdade” que carrega um relevo das serpentes gêmeas em volta dos sacerdotes, exatamente como os caduceus de Hermes.



Na distante extremidade ocidental do mundo da antiquidade, no jardim de Hespérides, uma outra serpente guardiã da árvore, Ladon, protege a fruta dourada.



Entretanto sob uma outra árvore da Iluminação, está o Buda sentado em posição de meditação. Quando uma tempestade se levantou, o rei poderoso da serpente levantou-se acima de seu caverna subterrânea e envolveu o Buda em sete espirais por sete dias, para não interromper o seu estado de meditação.



O Minoan ,grande divindade, pode manusear uma serpente em uma das mãos, talvez evocando seu papel como a fonte da sabedoria, melhor que seu papel como o senhor dos animais (Potnia theron), com um leopardo sob cada braço. Não por acaso mais tarde este infante Héracles, um herói limítrofe entre o velho e o mundo novo de Olympia, também manuseara duas serpentes que “o ameaçaram” em seu berço. Os gregos clássicos não perceberam que a ameaça era meramente a ameaça da sabedoria. Mas o gesto é o mesmo que aquele da divindade de Creta. A haste que Moisés carrega é uma serpente. Quando a joga para a terra, ao comando de Yahweh, ela toma a forma de serpente. Se a identidade não puder ainda estar desobstruída o bastante, quando Moisés segura a serpente, esta se transforma em uma haste uma vez mais.



As serpentes são figuras proeminente em mitos gregos muito arcaicos: o mito-elemento de Laocoonte, a antiga Hidra de Lerna, que lutou com Hércules, a serpente do mais velho oráculo de Delfos, etc…



A imagem da serpente como a incorporação da sabedoria transmitida por Sophia é um emblema usado pelo gnosticismo, especialmente aquelas seitas mais ortodoxas caracterizadas como “Ofídeas”, (“Homens Serpente”). A serpente ctónica é um dos animais associados com o culto de Mitras. O Basilisco, o famoso “rei das serpentes” com o bote da morte, foi atacado por uma serpente, Pliny e outros pensaram, do ovo ao adulto. Tais fantasias encheram o pensamento medieval.



Na Mitologia nórdica, Jormungand, a serpente de Midgard, abraça o mundo no abismo do oceano. Na mitologia de Daomé, na África ocidental, a serpente que suporta tudo em suas muitas espirais é nomeada Dan. Vishnu é posta a dormir no yoga Nidra, flutuando nas águas cósmicas na serpente Shesha.



Por a serpente tirar sua pele e sair do esconderijo da casca morta brilhante e fresca, ela é um símbolo universal da renovação, e a regeneração que pode conduzir para imortalidade.



Na Epopeia de Gilgamesh (de origem suméria), Gilgamesh mergulha no fundo das águas para recuperar a planta da vida. Mas quando decide descansar do seu trabalho, aparece uma serpente que come a planta. A serpente torna-se imortal, e Gilgamesh fica destinado a morrer.



Na Mitologia Yoruba, Oshumare é do mesmo modo uma serpente mítica regenerada serpente da visão. É também um símbolo da ressureição na Mitologia Maya, abastecendo alguns contextos culturais além do Atlântico favorecidos na pseudoarqueologia Maya.Gukumatz, a serpente emplumada é mais familiar sob seu nome Azteca,Quetzalcoatl.



As Serpente do mar são criaturas gigantes cryptozoologia uma vez acreditou-se viverem na água, seriam monstros do mar tais como o Leviathan ou monstros do lago tais como o monstro do lago Ness. Se forem referidas como ” serpentes do mar”, foram entendidos para ser as atuais serpentes que vivem nas águas Indo-Pacíficas (família Hydrophiidae).



Embora seja usada como símbolo de regeneração e Imortalidade, a serpente, quando formando um anel com a cauda em sua boca, é também um claro símbolo da unidade em tudo e todos, a totalidade da existência. Veja : Anfisbena e Ouroboros.



Serpentes envolviam os seguidores de Hermes(o caduceu, “ilustração à esquerda”)e de Asclepius, onde uma única serpente envolvia o cedro. No caduceu de Hermes, as serpentes não eram simetricamente gêmeas, elas pareciam adversárias. As asas sobre o cedro são identificadas como asas mensageiras; Hermes o Mercúrio para os romanos, que era o mestre da diplomacia e retórica, de invenções e descobertas, protetor dos comerciantes e dos aliados e na visão dos mitologistas, dos ladrões.



Na Antiguidade clássica , com avanço no estudo da alquimia, Mercúrio foi reconhecido como o protetor destas artes e outras informações ‘ocultas’ em geral , ” Herméticas”.



Assim a Química e a medicina associaram o bastão de Hermes com os discípulos do curador Asclepius, que era envolvido por uma serpente; o bastâo de Mercúrio e o moderno símbolo médico, que podia simplesmente ser o bastão de Asclepius, tornou-se um bastão do comércio. o historiador de arte J. Friedlander, em O Bastão dourado da Medicina : A História do Símbolo caudeceu na Medicina(1992) coletou centenas de exemplares de caudeceus e bastões de Asclepius e descobriu que as associações profissionais eram mais relacionadas aos bastões de Asclepius , enquanto as organizaçõs comerciais na área médica eram mais relacionadas ao caudeceu.


Fonte: Bruxaria.net